sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Para Antônio Cícero

Para algumas vezes, alguma coisa, algumas palavras:

Um beco

Uma porta

Um lugar, dentro da sombra

sexta-feira, 6 de maio de 2011

maio de 2011

Não sei se escrevo para alguém, ou se escrevo apenas porque preciso respirar. Tem uns dias que nem mesmo acordo. Sigo na ausência da vida. Lavo meu rosto, escovo meus dentes, sinto água correr na garganta, mas não espero nada. Não sei mais acreditar nas coisas, nem mesmo acredito no que vejo em minha frente. Meus olhos são de mentira, minha boca mente a toda hora que fala um pouco mais, são besteiras calvas. Disseram outro dia que meu rosto parece tão bonito, meus olhos tão claros e brilhantes. Pediram um retrato, um álbum de fotos (qualquer coisa assim). Eu tive de negar, evitar aquele constrangimento, quando me vejo em frente ao espelho e tiro fotos minhas, a fotografia parece escorrida. Ela registra verdade. A vida que me faz mentir uma beleza que nunca existiu. Sou triste por natureza. Sou fraco para este mundo, sou muito fraco. Não sei como consigo ser tão grande e tão pequeno ao mesmo tempo. Sei que vivo na inconstância de existir, sou um céu-inferno. Sou infeliz. Sei que, porque nao existo no tempo, sou matéria morta. Sei dizer apenas algumas palavras de mim, nada mais que meia dúzia de tristezas frágeis. Nada mais do que pequenas palavras sem menor sentido para a vida.

domingo, 27 de março de 2011



Foto: Sebastião Salgado.

"Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América católica que sempre precisará de ridículos tiranos..ou então cada paisano e cada capataz com sua burrice fará jorrar sangue demais, nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais.." ( Caetano Veloso )